Dermatite
O que é?
A dermatite é um termo genérico que engloba qualquer condição médica em que ocorra inflamação da pele. Existem múltiplas formas desta doença, sendo as mais comuns a dermatite seborreica e a dermatite atópica (eczema).
Embora não seja grave, pode provocar intenso desconforto e, como tal, deve ser corretamente diagnosticada e tratada. Por exemplo, a dermatite de contacto é a doença profissional mais frequente, embora não a mais grave, e obriga a grandes perdas de dias de trabalho ou mesmo a mudanças de profissão.
A dermatite é uma doença muito comum e, relativamente às formas alérgicas, estima-se que, em Portugal, cerca de 10% das crianças apresentem queixas compatíveis com dermatite.
No caso da atópica ou alérgica, além das manifestações cutâneas, o doente ou os familiares apresentam em cerca de 80% dos casos asma e/ou rinite alérgica, o que acentua a importância e o impacto deste tipo de doenças.
Sintomas
Embora cada tipo de dermatite apresente sinais e sintomas diferentes, a vermelhidão, o inchaço, a comichão e as feridas na pele tendem a estar presentes.
Os tipos principais de dermatite e os seus sintomas são:
- Dermatite de contacto, que resulta do contacto repetido da pele com substâncias irritantes ou alergénicas. Os sintomas surgem no local de contacto (por vezes, desenham mesmo essa área) e manifestam-se por comichão, vermelhidão e borbulhas, algumas com conteúdo líquido formando pequenas bolhas de água, ou pequenas feridas e crostas na pele. Estas reações não são imediatas, surgem um ou dois dias após o contacto e não ocorrem na primeira vez que se contacta com a substância, sendo necessárias várias exposições até o indivíduo se tornar alérgico.
- Neurodermatite, uma dermatite crónica localizada em áreas específicas da pele, caracterizada por prurido intenso nos tornozelos, pulsos, pescoço e braços.
- Dermatite seborreica, um tipo comum de dermatite no couro cabeludo e na face que provoca a vulgar caspa. Por vezes, as escamas são secas, outras vezes têm um aspeto oleoso. Esta doença depende dos níveis de hormonas sexuais e, portanto, manifesta-se apenas no recém-nascido, que recebe hormonas da mãe, e após a adolescência.
- Dermatite de estase, relacionada com a acumulação de fluidos sob a pele nos membros inferiores, interferindo com a nutrição da pele.
- Dermatite atópica, mais conhecida como eczema, associada a intenso prurido que aparece e desaparece. É mais frequente nas crianças do que nos adultos.
- Dermatite perioral, um tipo de dermatite que afeta a região em torno da boca.
- Dermatite das fraldas, que corresponde à tradicional “assadura” provocada pela irritação da pele do rabinho dos bebés que usam fraldas. As áreas convexas da área genital ficam vermelhas e irritadas sendo o fundo das pregas poupado. Estima-se que atinja entre 25 a 65% das crianças, sendo mais comum entre os 6 e os 12 meses de idade. É causada pela humidade, fricção e pelo contacto com irritantes químicos e biológicos, como a urina e as fezes. Estes agentes comprometem a barreira cutânea e tornam a pele mais vulnerável a agentes infecciosos. Geralmente, resolvem-se ao fim de 2 a 3 dias, sem complicações.
A dermatite pode complicar-se pelo aparecimento de infeções ou celulite, que corresponde a uma infeção bacteriana grave e que se manifesta por inchaço, vermelhidão, calor e dor ao toque na pele afetada. Outras complicações possíveis são a formação de cicatrizes e as alterações na cor da pele.
Causas
As causas variam com o tipo de dermatite, mas, de um modo geral, as mais comuns são:
- Outras doenças
- Fatores alérgicos
- Fatores genéticos
- Fatores físicos ou irritantes
- Stress
Dermatite de contacto
A sua principal causa é o contacto direto com substâncias irritantes ou alergénicas, como detergentes e outros produtos de limpeza, borracha, metais, perfumes, cosméticos, plantas e alguns antibióticos, como a neomicina e a bacitracina. O tempo de contacto com um irritante é bastante superior ao necessário a um alergénio para que ocorra dermatite. Quando esta se desenvolve para determinada substância irá provavelmente manter-se para toda a vida.
Neurodermatite
Associa-se a pele seca, irritação crónica e eczema.
Dermatite seborreica
É frequente em pessoas com pele e cabelo oleosos. Aparece e desaparece em função das estações do ano, apresenta uma tendência hereditária e é agravada pelo stress.
Dermatite estase
As causas mais comuns são as veias varicosas, a obesidade, a gravidez e outras condições que afetem a circulação, como as tromboses venosas profundas.
Dermatite atópica
Está associada a alergias e ocorre em famílias com asma, febre dos fenos ou eczema. Tende a iniciar-se na infância e é menos problemática na idade adulta. Pele seca ou irritável e alterações das defesas do organismo são alguns dos fatores que se associam à dermatite atópica. O stress pode acentuá-la, mas não é causa direta.
Diagnóstico
O diagnóstico é essencialmente clínico, baseado na história clínica e no aspeto das lesões da pele.
Embora não existam muitos testes de diagnóstico, para a dermatite de contacto estão disponíveis testes cutâneos que permitem identificar as substâncias que a provocam. Para efetuar estes testes, aplicam-se nas costas do paciente uma espécie de adesivos e observa-se a pele ao fim de dois dias para ver a que substâncias a pele reage.
Tratamento
O tratamento depende da causa e pode consistir na aplicação de cremes com corticoides ou compressas húmidas. É importante manter a pele bem hidratada - para impedir que ocorram soluções de continuidade que possam interferir com a função de barreira da pele - e evitar o contacto com substâncias irritantes ou alergénicas. Em alguns casos, pode ser útil recorrer a medicamentos antialérgicos para controlo da comichão.
Relativamente à dermatite seborreica, existem champôs e cremes específicos que a podem aliviar. É importante saber que a caspa e o excesso de oleosidade não provocam queda de cabelo.
A dermatite das fraldas previne-se e trata-se através do uso de fraldas de tamanho adequado, superabsorventes, e que devem ser frequentemente mudadas. A limpeza cutânea deve ser suave, sem fricção e sem recurso a produtos irritantes, como álcool ou perfumes. O uso de emolientes ou pastas protetoras após cada muda de fralda reduz a maceração e auxilia a cicatrização. Desaconselha-se a aplicação de pó de talco, pelo risco de inalação respiratória.
De um modo geral, o tratamento da dermatite deverá ser sempre definido pelo médico dermatologista e a automedicação deve ser sempre evitada.