Cancro do colo do útero
O que é?
O cancro do colo do útero é a terceira neoplasia maligna mais comum em mulheres em todo o mundo e continua a ser uma das principais causas de morte relacionada com o cancro em mulheres, em países em desenvolvimento.
Com raras exceções, o cancro do colo do útero resulta da infeção genital pelo vírus do Papiloma Humano (Human Papillomavirus – HPV). Embora as infeções por HPV possam ser transmitidas por vias não sexuais, a maioria resulta do contato sexual. Consequentemente, os principais fatores de risco identificados em estudos epidemiológicos são os seguintes:
- Inicio da atividade sexual em idade muito precoce
- Múltiplos parceiros sexuais
- Parceiros masculinos promíscuos
- História das doenças sexualmente transmissíveis
A infeção pelo HIV, por exemplo, está associada a um aumento de 5 vezes no risco de cancro do colo do útero.
O cancro do colo do útero é no geral um tumor de crescimento lento e é precedido de alterações celulares chamadas displasias, em que células alteradas começam a aparecer colo do útero.
Prevenção
Prevenção Primária:
Introdução da Vacinação profilática contra o HPV, no âmbito do Plano Nacional de Vacinação (PNV) em 2007. O nosso país apresenta uma das melhores taxas de cobertura vacinal da Europa e mesmo a nível mundial, cerca de 87%.
Prevenção secundária:
Realização de um teste de rastreio ao colo do útero.
Podem ser utilizados como métodos de rastreio a citologia convencional, a citologia em meio liquido e o teste de HPV ou a associação dos dois últimos.
O reconhecimento do papel etiológico da infeção pelo HPV no cancro do colo do útero levou à recomendação de adicionar o teste do HPV ao esquema de rastreio em mulheres de 30 a 65 anos de idade.
No entanto, as mulheres que apresentam sintomas, resultados de testes de rastreio anormais ou uma lesão macroscópica do colo do útero são melhor avaliadas com colposcopia e biópsia.
Existem dois tipos de rastreio:
-Rastreio Organizado – É um rastreio de base populacional
-Rastreio Oportunístico – Assim designado porque é a realização do teste de
rastreio no âmbito de uma consulta e sem periodicidade definida
Recomendações de Rastreio:
Com base nas diretrizes da American Cancer Society (ACS), da Sociedade Americana de Colposcopia e Patologia Cervical (ASCCP), da Sociedade Americana de Patologia Clínica (ASCP) da TaskForce de Serviços Preventivos dos EUA (USPSTF)), e do Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG), as recomendações são as seguintes:
- < 21 anos: Não é recomendado rastreio
- 21-29 anos: Citologia (Papanicolau) a cada 3 anos
- 30-65 anos: teste do Papiloma vírus humano (HPV) e citologia a cada 5 anos (preferido) ou apenas citologia a cada 3 anos (aceitável)
- 65 anos: Não está recomendado o rastreio se um rastreio prévio adequado tiver sido negativo, e não estiverem presentes fatores risco.
Fatores de Risco
Qualquer comportamento ou condição que aumenta o seu risco de ter uma doença é um factor de risco. Se um ou mais factores de risco se aplicarem a si, não quer dizer que desenvolverá necessariamente cancro do colo do útero. Da mesma forma, o cancro do colo do útero pode aparecer em mulheres que não apresentem factores de risco conhecidos.
Ainda não foi possível encontrar as causas para o cancro do colo do útero, mas alguns factores de risco são conhecidos. Os principais factores de risco são os seguintes:
- Infecção por virus papiloma humano (HPV) – é o maior factor de risco do cancro do colo do útero. A presença desta infecção está altamente correlacionada com alteração das células do colo do útero que podem vir a traduzir-se em cancro ou outras complicações. O HPV transmite-se por contacto sexual com um parceiro infectado. As infecções por HPV são muito frequentes, sendo que a grande maioria da população adulta já terá sido infectada ao longo da sua vida.
Nem todos os subtipos de HPV causam cancro, os mais perigosos são o 16 e o 18. O exame de Papanicolau é fundamental para detectar esta infecção e a presença de células anormais no colo do útero. Há uma vacina que protege as mulheres dos subtipos de HPV 16 e 18 e está a ser administrada a jovens antes de iniciarem a sua actividade sexual. Também pode ser administrada a mulheres que já iniciaram mas isso deve ser discutido com o seu ginecologista.
- Ter muitos filhos
- Ter muitos parceiros sexuais – o risco aumenta no caso de os parceiros sexuais terem tido igualmente muitas parceiras sexuais
- Ter iniciado cedo actividade sexual
- Fumar – as mulheres fumadoras com HPV têm maior risco de desenvolver a doença
- Idade – com o avançar da idade, aumenta o risco de desenvolver cancro do colo do útero, nomeadamente a partir dos 40 anos
- Tomar a pílula durante longos períodos de tempo: em mulheres com HPV, tomar a pílula durante 5 anos ou mais pode aumentar o risco de desenvolver cancro do colo do útero
Sintomas
Os sintomas de cancro do colo do útero não são exclusivos, podem aparecer noutras doenças. O facto de ter um ou mais dos sintomas aqui descritos não significa que tem cancro do colo do útero.
Em geral este tipo de cancro não causa sintomas quando diagnosticado numa fase inicial, por isso se faz o rastreio da doença.
Contudo, deverá estar atenta e consultar o seu médico se tiver os seguintes sintomas:
- Hemorragia vaginal
- Corrimento vaginal anormal
- Dor pélvica
- Dor durante a relação sexual
A quem me devo dirigir?
Em caso de suspeita de cancro, devido a sintomas ou a um exame complementar de diagnóstico que apresente uma alteração, deve dirigir-se sempre a um Ginecologista Oncológico.
O mesmo fará uma primeira avaliação clínica e imagiológica, e encaminhará o seu caso para discussão numa equipa multidisciplinar, que faz uma avaliação personalizada, e que irá propor a melhor opção terapêutica para cada caso.